segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Me libertei




Me libertei.... mas pra isto precisei me prender , me apegar, me encarcerar em sentimentos vazios, em pessoas vazias , em atitudes vazias também. Precisei sentir na pele o desamor , a indiferença, as ausências, os enganos, as mentiras, as fugas , sim, precisei viver estas emoções, estes desencontros , estas tristezas repentinas pra entender que amor e valor andam de mãos dadas, que o coração da gente precisa ser protegido por outro, que o nosso sorriso precisa sim do sorriso do outro pra se apresentar a vida e que a não reciprocidade deixa a nossa alma ferida .... Me libertei, por que decidi me desapegar . Fácil não é , mas a gente precisa se amar em primeiro lugar.


                                               Autor desconhecido

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O dia em que desisti de você



Não me lembro bem se era junho ou janeiro. Era calor, flores caídas das árvores, perfume de lírio no quintal do apartamento, era você do outro lado da cama lindo que só, como todos os outros dias que dividimos juntos. Tinha açúcar no café em cima do fogão, o iogurte com sucrilhos que você tanto gosta, e o uniforme do futebol de sábado já com cheiro de amaciante de mãe dentro da sua mochila. Uma rotina que não cansa, não amansa, que um dia já teve o gosto doce e sereno da reciprocidade. Naquele dia que não me lembro bem, eu entendi toda a dor de viver uma parceria em descaminho. Entre sorrisos e broas de café da manhã, como quem já não vê sentido no sorvete de chocolate estando de dieta, eu desisti de você.

Não foi nada aleatório, impensado, muito menos desavisado. Pelo contrário, o grito aos navegantes ecoava quase que diariamente da proa do navio, alertando para os riscos de tempestades, turbulências, e homens ao mar. Enquanto eu me entregava, me dedicava, enquanto eu colocava um significado na palavra amor que deixava de batom vermelho no espelho do banheiro todos os dias, que era para você nunca se esquecer de onde estava indo e para onde estava voltando, você individualizava a vida em conjunto. Não notava os pequenos requintes de sutileza que agregavam cuidado ao nosso cotidiano e ignorava seco meu desejo de amparo, que só desejava acordar todos os dias envolto naquele abraço.

Aprendi ioga, francês, cálculos diferenciais, e até a calibrar o pneu do carro sozinha em dias de chuva. Reformulei o conceito temporal de saudade, e ofereci um milhão de oportunidades para colocar a cabeça no lugar e finalmente decidir em qual parte da sua calmaria se encaixava a minha tormenta. Esperei. Escolhi desviar a atenção do problema que era para ver se a vida me presentava com alguma resposta pré-formulada no final do nosso livro. Esperei tanto, que encontrei uma pedra no meio do caminho e ela virou flor, música, curso de inglês, dança, viagem, passeio com as amigas, borboleta.

Quando a gente começa a entender que precisa fazer parte do sonho do outro, assim como ele faz parte dos nossos, compreende que amor é um ato de fé. Uma prece às escuras, sem saber direito se existe alguém do outro lado contabilizando toda aquela devoção. Amor é um caminho, que como toda travessia a dois, precisa ser olhado em conjunto que é para se ter certeza de que os anseios se encontram e que nenhuma individualidade permanece prejudicada.

No dia que eu desisti de você não choveu, não tive problemas profissionais, não me machuquei na academia, tão pouco estava de TPM. Era junho ou janeiro, não me lembro bem. Mas de uma coisa estou certa, tinha um baita sol. Do lado de fora e esse aqui, que incandesce o amor próprio dentro de mim todos os dias. Saímos juntos, cada um para o seu espaço, seu abraço, sua rotina. E voltaríamos à mesma hora de sempre, com as mãos habitualmente dadas e o sorriso da última brincadeira tola ainda desfeito, esperando que um ou outro desse um passo adiante da sua zona de conforto. Repeti como um mantra: parcerias reais exigem entrega e flexibilidade. Olhou-me como quem não entendia o que via. Mal sabia ele que eu já havia desistido de nós. Eu era a própria desistência buscando abrigo dentro da palavra amor.

                                                          Danielle Daian

Um milênio e meio depois... Veja quem está de volta!

Alguém ainda lê?

                                                                                C.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Adulta, bem sucedida e bem resolvida?


Como mulher adulta, bem sucedida e bem resolvida que sou, eu pensei: Posso sim dar em cima de um cara, sem perder a feminilidade e sem parecer em nada uma pessoa vulgar! Saí de casa, com um vestido que evidenciava meus peitos sem me fazer parecer uma vagabunda, soltinho e com cintura definida, cabelo solto, uma maquiagem básica, uma última olhada no espelho: "É isso! Tô gata... Nenhum homem resistiria a um convite meu!" Passei em uma loja de chocolates no caminho, para agradecer a ajuda que ele tinha me dado e lá fui eu, gata, com um presente e um texto ensaiado na cabeça, tava pronta.
Chego no lugar, espera um pouco, e lá vem ele, dou um sorriso tímido e um olhar misterioso enquanto ele vem em minha direção sem desgrudar os olhos de mim, ele chega perto, solto uma piadinha como de costume, entreguei o presente, agradeci a ajuda e durante a conversa ensaio mentalmente a frase: "Se quiser me ligar qualquer hora dessas..." Seguido de uma piscadinha, um sorriso tímido e ir embora sem falar mais nada... P-E-R-F-E-I-T-O!!!! Mas o que saiu da miha boca foi: "Então é isso, só vim te agradecer mesmo, tchau..."
Acho que foi nesse momento que se encerrou minha promissora carreira de mulher adulta, bem sucedida e bem resolvida. Mas eu queria tanto!!

C.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Livros antigos




Que me desculpem os livros novos, mas são os livros antigos que realmente me instigam, são os livros antigos que me encantam, é dos livros antigos o meu coração. Mas não é qualquer antigo, é aquele que tem as páginas amarelas de tanto ser lido, são aqueles que podemos ver as orelhas nas pontas das páginas, gosto daqueles que já não fecham completamente de tanto que já foi aberto, lido, relido, gosto especialmente daqueles que chegam as nossas mãos com uma dedicatória a uma pessoa que nem imaginamos quem seja, daqueles que vem com marcas, com partes grifadas, com observações lá embaixo no rodapé da página.
Não me entendam mal, gosto dos livros novos, que vem em plástico, com folhas branquinhas e o cheiro de novo, eles tem seu charme, mas como já disse são dos livros antigos e usados o meu coração, porque ele não conta apenas uma história, conta muitas histórias, conta além da história nele escrita, conta sobre aquele apaixonado que declara todo seu amor na dedicatória da primeira página, conta sobre aquela adolescente que ao tentar se descobrir marcou uma frase no meio do livro que despertou nela aquela vontade de ser alguém, conta a história daquele homem que abandonado fez uma pequena anotação mostrando outro aspecto da história que ninguém tinha reparado antes dele, conta a história daquela menina que emocionada por passar pela mesma situação da protagonista deixou a marca de lágrimas entre as páginas.
Gosto das histórias ocultas que existem atrás das páginas amareladas, gosto das histórias que estiveram atrás daquele antigo leitor do livro, gosto de imaginar o que afinal aconteceu com aquele livro, por que mãos ele já passou, que histórias além da óbvia ele tem pra contar, livros são os únicos objetos existentes que fico mais feliz ao comprar usados, são pra mim como aquele vinho caro que só fica melhor conforme o tempo passa, só aumenta seu valor e creio que todos que são realmente apaixonados pelos livros dividem comigo essa preferência.

C.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tudo ou nada?




E novamente me encontro aqui, em meio a esta rua movimentada, olhando para os carros que passam, sem saber ao certo se quero me jogar ao meio deles para acabar com a dor ou apenas por achar que em todos eles você está, sozinho, acompanhado... Tanto faz, não é mais da minha conta não é mesmo?

E novamente pago o preço, e caro, diga-se de passagem, por acreditar em você, mas não é culpa sua não, é culpa minha. A culpa é minha por saber quem você era e acreditar que poderia mudar, é culpa minha achar que você poderia amar alguém além de você mesmo, não te culpo por nada, a culpa é total e completamente minha.

Não vou te dizer nenhum daqueles textos decorados da Tati ou Martha apenas para me fingir de séria, madura, independente... Eu não sou nada disso, nós sabemos, não vou dar uma de autossuficiente, não dessa vez, porque qualquer pessoa pode me ver aqui parada na mesma rua que não para, te buscando no meio do movimento, te procurando em cada carro que passa apresado por mim, apenas esperando te encontrar para me atirar em frente ao seu carro gritando, como a louca que você me faz parecer, gritando as duas únicas opções que tenho para você...

AGORA É TUDO OU NADA! É TUDO OU NADA!! É TUDO OU NADA??

C.

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Gostaria apenas de lembrá-los que  nem todos os textos escritos por mim
são de histórias reais, quais deles são reais e quais são fictícios?
São como minha identidade, não conto pra ninguém!
C.