quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dar não é fazer amor



Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

Experimente ser amado...

Tati Bernardi

terça-feira, 28 de junho de 2011

Retrato



Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil

Cecilia Meireles

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quem sou eu


Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

Maria de Queiroz

domingo, 26 de junho de 2011

Sempre achei que algo ia acontecer



Todo o tempo que estivemos juntos, sempre achei que algo fosse acontecer. Mas sempre houve dois lados, os tais lados de uma mesma moeda, nós éramos perfeitos um para o outro, lembra? Não, claro que não, essa era apenas a minha opinião, a minha e a de todas as outras pessoas que nos conheciam, é como já dizia um poeta: “Eles eram perfeitos um para o outro, todo mundo sabia, menos eles”. Ele devia estar pensando em nós quando escreveu isso ou talvez não.
Todo o tempo que passamos juntos eu sabia que aconteceria alguma coisa, mas nunca soube o que exatamente, afinal uma história igual a nossa não podia terminar sem nada acontecer, ou melhor, uma história igual a nossa não podia terminar, não podia, mas terminou, e terminou sem acontecer nada.
Ridículo isso, nós fomos ridículos, eu te iludi e você me iludiu, tinha tudo para dar errado, mas ao mesmo tempo nós queríamos tanto que desse certo,  quando digo nós, estou me referindo só a mim é claro, sou sempre eu que torço pelos finais felizes, mas você soube fingir direitinho, o jeito que me olhava, a maneira que me segurava pela cintura, e como me abraçava como se o mundo fosse acabar, você é realmente um bom ator, o melhor que eu já conheci.
Um sorriso seu e era suficiente para eu perder uma noite de sono pensando em você, um toque seu e era suficiente para me incendiar, acho que esse é meu problema eu incendeio rápido de mais, eu me entrego rápido de mais, mas não sei ser de outro jeito, quando eu quero tem que ser agora, um minuto depois não me satisfaz.
Mas me pergunto porque depois de tanto tempo ainda lembro da nossa história, isso faz tantos anos, éramos dois adolescentes, inconseqüentes e ridiculamente apaixonados, pelo menos eu estava, acho que lembro disso por causa das cicatrizes que me deixou, ou talvez seja só porque vi uma foto sua, você estava lindo, e me perguntei, porque mesmo que não deu certo?
Nós éramos ridículos, mas eu sempre achei que algo fosse acontecer...


C.
Um texto para o Garoto Inconstante

sábado, 25 de junho de 2011

Onde foram parar os homens com H da vida? Tá faltando homem com pegada. Tá faltando homem que assuma seus afetos, homem que se apaixone e que se dane o que os outros pensem, o que a sociedade aplauda ou condene. Tá faltando homem. Homem que agüente as conseqüências de seus desejos, que defenda as razões de seu coração.

Sou obrigada a concordar,
Pedro Bial

A boneca



Ás vezes me sinto como uma boneca na vitrine, sabe aquelas bonequinhas de luxo, caras, as bonecas dos sonhos das meninas, no inicio é bom, ver tanta gente gente passar por você desejando ter você, algumas desejando ser você, uma criança entra na loja, pega a boneca da vitrine, olha, analisa, abraça e por um segundo a boneca acha que vai ser amada, que vai ser levada para casa e ser apenas o brinquedo de uma criança, mas a criança a troca pela boneca da liquidação e ela volta a vitrine.
Devem achar que estou louca né? Não é nada disso, mas as vezes me sinto essa boneca na vitrine, quantos amores já não tive, quantos já não passaram por mim, olharam desejaram, alguns ‘pegaram’, olharam, analisaram, abraçam e quando eu tive a esperança de: "é esse ele que vai me levar para casa e me deixar ser a sua boneca para sempre", mas aí eles vem as bonecas da liquidação, tão mais baratas, tão mais fáceis e eu volto novamente a vitrine, vendo as bonecas das prateleiras, aquelas da promoção, irem embora uma a uma, e fico me perguntando o que há de errado comigo?
E de repente me dá uma enorme inveja das bonecas da liquidação, elas vão para casa, são amadas enquanto a triste boneca da vitrine fica lá, linda, imponente, cara e triste, afinal o que há de errado com a pequena boneca? Não é nada, mas algumas pessoas são destinadas a ficar ali, na vitrine, olhando a vida passar.

C.
Estou um pouco melancolica hoje.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mais que um sorriso tímido


Ela é mais que um sorriso tímido de canto de boca,

dos que você sabe que ela soube o que você quis dizer.
Ela fala com o coração e sabe que o amor, não é qualquer
um que consegue ter. Ela é a sensibilidade de alguém que
não entende o que veio fazer nessa vida, mas vive


Caio Ferando Abreu

O contrário do amor


O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

Martha Medeiros 

Inicio



Acho que o ideal seria começar esse blog falando o motivo por tê-lo criado, acho que precisava realmente mudar, fiz isso no outro blog, mas precisava mudar mesmo, de verdade, então esse blog não será divulgado, e nem vou colocar dados pessoais meus, se você está lendo qualquer postagem daqui saiba que não foi porque eu quis, mas espero que goste.
Não o irei divulgar porque aqui pretendo me 'revelar' de verdade, não acho que para isso precise que alguem saiba meu nome e sobrenome, não que isso não vá acontecer, mas por enquanto pretendo apenas escrever, aqui haverão textos meus e textos com os quais realmente me identifico, vou dividir aqui, sentimentos, acontecimentos, coisas que as vezes não divido com ninguem, não estou aqui em busca de alguem que concorde comigo, aliás não estou em busca de nada, só estou fazendo isso porque sinto que as vezes preciso gritar algumas coisas, e essa é uma maneira de conseguir fazer isso sem incomodar os vizinhos. Também não pretendo fazer isso de maneira diaria, nem de com uma frequencia, quando estiver com vontade simplismente vou sentar aqui e escrever.
Quanto ao nome do blog, não é nada contra o amor, é apenas o nome de um texto que li uma vez e me identifiquei muito, ele estará aqui na próxima postagem para que todos possam entender.
Se alguem ler obrigada, se ninguem ler, tudo bem, eu não queria que ninguem estivesse lendo mesmo.

C.