terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Homenagem

 

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista. A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados. Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos. Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

Fabrício Carpinejar
 
 
Estou usando esse texto do Carpinejar para prestar minha pequena homenagem, e expressar minha grande trsiteza, esse será o único texto sobre a tragédia postado aqui, pelo simples motivo que não quero me prover em cima disso!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sobre Partir



Vou porque preciso conhecer o mundo. Vou porque as fotografias não me satisfazem: preciso dos ares, dos arredores, dos autores. Mais do que a história de cada lugar, preciso conhecer quem narra o que é escrito. Conhecer as distâncias e fazer parte do dia-a-dia, ser vizinha de seu povo, me perder em suas ruas, tropeçar em suas pedras, provar da sua comida e falar sua língua. Ser meretriz em Barcelona, apaixonada em Veneza, livre em Paris. Me casar em Dublin, ser traída em Moscou, esquecer em Roma. Ter um apartamento grande com quartos e salas inúteis, um apartamento pequeno onde cada canto é casa, uma casa com sacada e janelas enormes que dão pro jardim.

É por isso que eu preciso ir embora. As roupas já não me cabem, o corpo já não me veste. O que eu sei já não me conforta. Sou doente de mim mesma e só consigo ser feliz quando deixo todas as minhas certezas e parto pro desconhecido. Porque partir é mais do que abandonar as origens, é se originar em outro canto e eu me reinvento todos os dias.

Vou porque o que tá lá fora me chama. Vou, nem que seja pra descobrir que meu lugar é aqui.

Verônica Heiss

Indicando



Gente, recebi esse blog por e-mail, e quando fui ver eu realmente gostei, e achei uma ótima idéia, então para quem está tentando emagrecer eu recomendo o blog: http://diariopensemagro.blogspot.com.br/

Começou agora, ainda tem apenas 2 postagens, mas estou apoiando totalmente! Então, vocês sabem que não costumo recomendar blogs, mas uma amiga me disse que tava tendo dificuldades e sei que muita gente o tem tambem, pode ser um incentivo!

C.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Escreva


 
Escreva.
Seja uma carta, um diário ou umas notas enquanto fala ao telefone, mas escreva.
Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia; ou, o que é pior, que alguém acabe lendo o que não queria.
O simples ato de escrever nos ajuda a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia.
Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida.
As palavras têm poder.

(Paulo Coelho)