sexta-feira, 5 de abril de 2013

Adulta, bem sucedida e bem resolvida?


Como mulher adulta, bem sucedida e bem resolvida que sou, eu pensei: Posso sim dar em cima de um cara, sem perder a feminilidade e sem parecer em nada uma pessoa vulgar! Saí de casa, com um vestido que evidenciava meus peitos sem me fazer parecer uma vagabunda, soltinho e com cintura definida, cabelo solto, uma maquiagem básica, uma última olhada no espelho: "É isso! Tô gata... Nenhum homem resistiria a um convite meu!" Passei em uma loja de chocolates no caminho, para agradecer a ajuda que ele tinha me dado e lá fui eu, gata, com um presente e um texto ensaiado na cabeça, tava pronta.
Chego no lugar, espera um pouco, e lá vem ele, dou um sorriso tímido e um olhar misterioso enquanto ele vem em minha direção sem desgrudar os olhos de mim, ele chega perto, solto uma piadinha como de costume, entreguei o presente, agradeci a ajuda e durante a conversa ensaio mentalmente a frase: "Se quiser me ligar qualquer hora dessas..." Seguido de uma piscadinha, um sorriso tímido e ir embora sem falar mais nada... P-E-R-F-E-I-T-O!!!! Mas o que saiu da miha boca foi: "Então é isso, só vim te agradecer mesmo, tchau..."
Acho que foi nesse momento que se encerrou minha promissora carreira de mulher adulta, bem sucedida e bem resolvida. Mas eu queria tanto!!

C.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Livros antigos




Que me desculpem os livros novos, mas são os livros antigos que realmente me instigam, são os livros antigos que me encantam, é dos livros antigos o meu coração. Mas não é qualquer antigo, é aquele que tem as páginas amarelas de tanto ser lido, são aqueles que podemos ver as orelhas nas pontas das páginas, gosto daqueles que já não fecham completamente de tanto que já foi aberto, lido, relido, gosto especialmente daqueles que chegam as nossas mãos com uma dedicatória a uma pessoa que nem imaginamos quem seja, daqueles que vem com marcas, com partes grifadas, com observações lá embaixo no rodapé da página.
Não me entendam mal, gosto dos livros novos, que vem em plástico, com folhas branquinhas e o cheiro de novo, eles tem seu charme, mas como já disse são dos livros antigos e usados o meu coração, porque ele não conta apenas uma história, conta muitas histórias, conta além da história nele escrita, conta sobre aquele apaixonado que declara todo seu amor na dedicatória da primeira página, conta sobre aquela adolescente que ao tentar se descobrir marcou uma frase no meio do livro que despertou nela aquela vontade de ser alguém, conta a história daquele homem que abandonado fez uma pequena anotação mostrando outro aspecto da história que ninguém tinha reparado antes dele, conta a história daquela menina que emocionada por passar pela mesma situação da protagonista deixou a marca de lágrimas entre as páginas.
Gosto das histórias ocultas que existem atrás das páginas amareladas, gosto das histórias que estiveram atrás daquele antigo leitor do livro, gosto de imaginar o que afinal aconteceu com aquele livro, por que mãos ele já passou, que histórias além da óbvia ele tem pra contar, livros são os únicos objetos existentes que fico mais feliz ao comprar usados, são pra mim como aquele vinho caro que só fica melhor conforme o tempo passa, só aumenta seu valor e creio que todos que são realmente apaixonados pelos livros dividem comigo essa preferência.

C.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tudo ou nada?




E novamente me encontro aqui, em meio a esta rua movimentada, olhando para os carros que passam, sem saber ao certo se quero me jogar ao meio deles para acabar com a dor ou apenas por achar que em todos eles você está, sozinho, acompanhado... Tanto faz, não é mais da minha conta não é mesmo?

E novamente pago o preço, e caro, diga-se de passagem, por acreditar em você, mas não é culpa sua não, é culpa minha. A culpa é minha por saber quem você era e acreditar que poderia mudar, é culpa minha achar que você poderia amar alguém além de você mesmo, não te culpo por nada, a culpa é total e completamente minha.

Não vou te dizer nenhum daqueles textos decorados da Tati ou Martha apenas para me fingir de séria, madura, independente... Eu não sou nada disso, nós sabemos, não vou dar uma de autossuficiente, não dessa vez, porque qualquer pessoa pode me ver aqui parada na mesma rua que não para, te buscando no meio do movimento, te procurando em cada carro que passa apresado por mim, apenas esperando te encontrar para me atirar em frente ao seu carro gritando, como a louca que você me faz parecer, gritando as duas únicas opções que tenho para você...

AGORA É TUDO OU NADA! É TUDO OU NADA!! É TUDO OU NADA??

C.

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Gostaria apenas de lembrá-los que  nem todos os textos escritos por mim
são de histórias reais, quais deles são reais e quais são fictícios?
São como minha identidade, não conto pra ninguém!
C. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Nada é mais vulnerável que nosso desejo





Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca. A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O. Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se. Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados. Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão. A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.

Matha Medeiros

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Homenagem

 

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista. A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados. Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos. Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

Fabrício Carpinejar
 
 
Estou usando esse texto do Carpinejar para prestar minha pequena homenagem, e expressar minha grande trsiteza, esse será o único texto sobre a tragédia postado aqui, pelo simples motivo que não quero me prover em cima disso!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sobre Partir



Vou porque preciso conhecer o mundo. Vou porque as fotografias não me satisfazem: preciso dos ares, dos arredores, dos autores. Mais do que a história de cada lugar, preciso conhecer quem narra o que é escrito. Conhecer as distâncias e fazer parte do dia-a-dia, ser vizinha de seu povo, me perder em suas ruas, tropeçar em suas pedras, provar da sua comida e falar sua língua. Ser meretriz em Barcelona, apaixonada em Veneza, livre em Paris. Me casar em Dublin, ser traída em Moscou, esquecer em Roma. Ter um apartamento grande com quartos e salas inúteis, um apartamento pequeno onde cada canto é casa, uma casa com sacada e janelas enormes que dão pro jardim.

É por isso que eu preciso ir embora. As roupas já não me cabem, o corpo já não me veste. O que eu sei já não me conforta. Sou doente de mim mesma e só consigo ser feliz quando deixo todas as minhas certezas e parto pro desconhecido. Porque partir é mais do que abandonar as origens, é se originar em outro canto e eu me reinvento todos os dias.

Vou porque o que tá lá fora me chama. Vou, nem que seja pra descobrir que meu lugar é aqui.

Verônica Heiss

Indicando



Gente, recebi esse blog por e-mail, e quando fui ver eu realmente gostei, e achei uma ótima idéia, então para quem está tentando emagrecer eu recomendo o blog: http://diariopensemagro.blogspot.com.br/

Começou agora, ainda tem apenas 2 postagens, mas estou apoiando totalmente! Então, vocês sabem que não costumo recomendar blogs, mas uma amiga me disse que tava tendo dificuldades e sei que muita gente o tem tambem, pode ser um incentivo!

C.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Escreva


 
Escreva.
Seja uma carta, um diário ou umas notas enquanto fala ao telefone, mas escreva.
Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia; ou, o que é pior, que alguém acabe lendo o que não queria.
O simples ato de escrever nos ajuda a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia.
Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida.
As palavras têm poder.

(Paulo Coelho)